segunda-feira, 20 de abril de 2015

Tracção (manual ou mecânica) no tratamento da hérnia discal lombar com radiculopatia

A tracção (manual ou mecânica) é uma das técnicas utilizadas para o tratamento de hérnia discal com radiculopatia.
Em Portugal utilizam esta técnica na clínica Nishimura (http://nishimura.pt/home.php), em Azeitão, e na clínica ITC Vertebral (http://itcvertebralpt.wix.com/portugal), em Lisboa. Desconheço se mais clínicas em Portugal utilizam este meio.



A tracção é utilizada como tratamento desde a antiguidade e actualmente ainda continua a ser utilizada  em pacientes com dor lombar. Existem vários tipos de tracção (contínua, intermitente, manual, mecânica, autotracção) mas uma das mais comuns é a tracção mantida e intermitente mecânica.

Segundo as NASS Clinical Guidelines para Lumbar disc herniation with radiculopathy a evidência existente é insuficiente para fazer uma recomendação a favor ou contra o uso da tracção como tratamento da hérnia discal lombar com radiculopatia.
Nestas guidelines fazem referência a um estudo controlado randomizado que compara os resultados da tracção, ultra-som e laser de baixa intensidade como tratamento em pacientes com dor aguda lombar e na perna causada por hérnia discal lombar.
A tracção utilizada neste estudo era mecânica e correspondia a 35% - 50% do peso corporal. Os resultados, avaliados três meses após o inicio dos tratamentos, revelaram uma redução significativa da dor e incapacidade e a ressonância magnética demonstrou redução no tamanho do disco herniado. Os autores concluíram que tanto a tracção como o ultra-som e o laser tinham efectividade no tratamento deste grupo de pacientes com hérnia discal lombar aguda.



segunda-feira, 13 de abril de 2015

Vitamina B12

Recentemente comecei a fazer injecções de Vitamina B12.
Esta vitamina é essencial para a saúde do nosso sistema nervoso e células do sangue, tendo um papel importante no tratamento da neuropatia periférica.
Tenho verificado que existem médicos que utilizam este meio como complemento no tratamento da lombalgia associada a hérnia discal e outros que não.
Procurei artigos que falassem na utilização desta vitamina no tratamento desta patologia.
Um dos artigos que achei foi publicado pelo “Singapore Med J” em 2011 com o título “The efficacy and safety of intramuscular injections of methylcobalamin in patients with chronic nonspecific low back pain: a randomised controlled trial”.
A metilcobalamina é uma das possíveis apresentações da vitamina B12. O estudo referido neste artigo chegou à conclusão que a injecção intramuscular de metilcobalamina era mais efectiva que um placebo no alívio da lombalgia não-especifica. Isto deve-se às suas propriedades analgésicas e neuroprotectivas. A metilcobalamina pode revelar-se um tratamento adicional útil para a lombalgia não específica, onde se podem incluir distúrbios intervertebrais não-neurológicos, distúrbios degenerativos da coluna e problemas músculo-esqueléticos. No entanto, o estudo apenas contemplou benefícios a curto prazo ficando desconhecidos os benefícios a longo prazo.
Na verdade não existe muita informação disponível acerca da utilização da vitamina B12 no tratamento desta patologia. Ainda temos muito que investigar no âmbito dos tratamentos que são utilizados actualmente .

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Será possível a regressão da hérnia discal?

Quando tive o diagnóstico de hérnia discal, procurei quais as linhas orientadoras disponíveis, baseadas em estudos científicos, para a melhor conduta nesta patologia

Algo que encontrei disponível na internet foram as guidelines da North American Spine SocietyClinical Guidelines for Multidisciplinary Spine Care: Diagnosis and Treatment of Lumbar Disc Herniation With Radiculopathy – de 2012.




Aqui, hérnia discal lombar com radiculopatia, é definida como um “deslocamento localizado do material do disco para além das margens normais do espaço intervertebral, resultando em dor, fraqueza ou dormência num miotoma ou dermatoma”.
Uma das questões colocadas é : “qual será a história natural desta patologia?”. Existe limitação na literatura disponível no entanto, é referido que “na ausência de evidências confiáveis relacionadas com a história natural da hérnia discal lombar com radiculopatia, é opinião do grupo de trabalho que a maioria dos pacientes irá melhorar independentemente do tratamento. Hérnias discais muitas vezes encolhem/regridem ao longo do tempo. Muitos, mas não todos, documentos demonstraram uma melhoria clínica com redução do tamanho das hérnias discais.”


Um artigo que encontrei, também de encontro a estes dados, foi publicado pelo órgão oficial da sociedade portuguesa de reumatologia (Acta reumatol port.) em 2011. É um caso clínico com o título “Regressão espontânea de hérnia discal lombar sintomática”.



Neste artigo referem que “apesar do tratamento cirúrgico na abordagem desta patologia ser prática comum há mais de 60 anos, ainda hoje permanecem algumas dúvidas acerca do melhor tratamento do doente com patologia discal lombar. O tratamento conservador apresenta-se como alternativa à cirurgia, com remissão completa ou parcial da sintomatologia dolorosa e neurológica em alguns doentes, inclusive com redução do tamanho da hérnia.”

Referem ainda que “as hérnias discais afectam 2% da população. Destes, menos de 10% apresentam sintomatologia após 3 meses que justifiquem intervenção cirúrgica. Em alguns destes casos, a ruptura abrupta do anel fibroso ocorre com extrusão de material do núcleo pulposo, com formação de um sequestro volumoso e clinicamente sintomático. No entanto, mesmo nestes casos, a sua regressão espontânea encontra-se descrita na literatura, tendo mesmo vindo a aumentar o número de casos descritos com o aumento disseminado do uso da RM, embora apenas em casos isolados e sem explicação definitiva do mecanismo.”

Aqui são apresentadas três teorias que tentam explicar o fenómeno. “ A 1ª envolve a reabsorção dos tecidos”; “a 2ª teoria defende que o fragmento desaparece por progressiva desidratação, degeneração e encolhimento”; “a 3ª teoria refere ser simplesmente uma variação da tensão do ligamento longitudinal posterior como responsável.”


Estas informações científicas trazem-nos boas notícias. Optar por uma cirurgia à coluna não é decisão que se tome de ânimo leve. Eu actualmente encontro-me a fazer tratamento conservador. Daqui a uns tempos dou feedback dos resultados.